O mês de setembro tem uma grande importância para o Rio Grande do Sul. 20 de Setembro é a data máxima do Estado e do nosso povo. Neste dia, em todos os recantos, os gaúchos reverenciam a Revolução Farroupilha - marco da história e da formação política da sociedade rio-grandense - suas causas e ensinamentos.
As comemorações da Semana Farroupilha, que se estendem até o dia 20, iniciaram este ano (1997) no dia 12 passado, quando cerca de 50 cavaleiros, devidamente pilchados, ou seja, trajados tipicamente, percorreram as ruas da Capital gaúcha levando a "Chama Crioula", fogo que simbolicamente mantém viva a história rio-grandense. Ao som dos clarins da Brigada Militar, e dos hinos do Rio Grande do Sul e do Brasil, ela chegou ao Palácio Piratini, onde foi aceso o "Candieiro Crioulo", abrindo oficialmente a temporada de eventos que mobiliza todas as comunidades gaúchas. |
ABERTURA DA SEMANA FARROUPILHA EM BAGÉ
Chama Crioula chega a Bagé e inicia a Semana Farroupilha
Aconteceu dia 13 de setembro a abertura da semana farroupilha na praças das carretas com a chegada da chama criola. Várias entidades tradicionalistas compareceram acenderam seus candieiros para levar a chama.
VÂNIA CORRÊA/ESPECIAL JM
No caminho passou por São Sebastião, tendo saído no dia 29 de agosto de São Nicolau, trazida pelos cavalarianos.
Na chegada, os cavaleiros que a conduziram participaram de um almoço na sede campestre do Recreativo, e depois se dirigiram à Praça das Carretas, no final da tarde, onde foi dado início à Semana Farroupilha. Na ocasião, representantes de 53 entidades ligadas ao tradicionalismo levaram uma centelha da chama para seus Centros Tradicionalistas, onde permanecerá durante as festividades.
O coordenador municipal de Tradicionalismo, Jorge Luiz Braga Abott, ressaltou a importância das comemorações. “É o ponto máximo, uma maneira que os tradicionalistas encontram para homenagear todos os bravos que lutaram, no passado, por este Estado” exclamou.
O desfile da Semana Farroupilha acontece no dia 20 de setembro, às 9h30min, e já tem confirmadas as presenças de mais de dois mil cavalarianos em 70 entidades.
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Guerra dos Farrapos ou
Revolução Farroupilha
são os nomes pelos quais ficou conhecida uma revolução ou guerra regional de caráter republicano contra o governo imperial do Brasil, a então província de São Pedro do Rio Grande, e que resultou na declaração de independência da província como estado republicano, dando origem à República Rio-Grandense. Foi de 1835 a 1845 : é o conflito armado mais duradouro que ocorreu no continente americano. A revolução, que originalmente não tinha caráter separatista, influenciou movimentos que ocorreram em outras províncias brasileiras: irradiando influência para a Revolução Liberal que viria ocorrer em São Paulo em 1842 e para a Revolta denominada Sabinada na Bahia em 1837, ambas de ideologia do Partido Liberal da época, moldado nas Lojas Maçônicas . Inspirou-se na recém finda guerra de independência da República Oriental do Uruguai , Guerra da Cisplatina, mantendo conexões com a nova república do Rio da Prata, além de províncias independentes argentinas, como Corrientes e Entre Ríos. Chegou a expandir-se a corte brasileira , sul da província de Santa Catarina, em Laguna com a proclamação da República Juliana e ao planalto catarinense de Lages. Teve como líderes: Bento Gonçalves, General Neto, Onofre Pires, Lucas de Oliveira, Vicente da Fontoura, Pedro Boticário, David Canabarro, Vicente Ferrer de Almeida, José Mariano de Mattos, além de receber inspiração ideológica de italianos carbonários refugiados, como o cientista Tito Lívio Zambeccari e o jornalista Luigi Rossetti, ambos com participação no movimento de independência no Uruguai. Giuseppe Garibaldi , embora não pertencesse a carbonária, esteve envolvido em movimentos republicanos na Itália, como o risorgimento, e condenado, veio em fuga para a América do Sul . A questão da abolição da escravatura também esteve envolvida, organizando-se exércitos contando com homens negros com aspiração da liberdade
Os revolucionários sul-riograndenses vinculados ao Partido Liberal foram alcunhados pejorativamente de Farrapos ou Farroupilhas. O termo, oriundo do parlamento, com o tempo foi adotado pelos próprios revolucionários, de forma semelhante à que ocorreu com os sans-cullotes à época da Revolução Francesa. Seus oponentes imperiais eram por eles chamados de caramurus, termo jocoso em geral aplicado aos membros do Partido Conservador no Parlamento Imperial.
Bento Gonçalves da Silva
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Bento Gonçalves da Silva (Triunfo, 23 de Setembro de 1788 — Pedras Brancas, 18 de Julho de 1847) foi um militar e políticobrasileiro, um dos líderes da Revolução Farroupilha, que buscava a independência da província do Rio Grande do Sul do Império do Brasil.
Carreira militar
Filho do alféres português Joaquim Gonçalves da Silva e de Perpetua da Costa Meirelles, filha de um rico fazendeiro riograndense, nasceu na Fazenda da Piedade, pertencente a família de sua mãe. Seus pais desejavam encaminhar o filho para a carreira eclesiástica. Muito cedo, contudo, demonstrou que sua vocação era outra ao engajar-se nas guerrilhas da primeira campanha cisplatina (1811-1812). Na segunda campanha cisplatina (1816-1821), seu prestígio como militar se confirmou.
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REVOLUÇÃO FARROUPILHA
No dia 20 de setembro, festeja-se no Rio Grande do Sul a Revolução Farroupilha, que eclodiu na noite de 19/09/1835, quando Bento Gonçalves da Silva
avançou com cerca de 200 "farrapos" (ala dos exaltados, que queriam províncias mais autônomas, unidas por uma república mais flexível) sobre a capital Porto Alegre (que na época possuía cerca de 14 mil habitantes) pelo caminho da Azenha (atual Avenida João Pessoa ). A revolta deveu-se em função dos elevados impostos cobrados no local de venda (normalmente outros Estados) sobre itens (animais, couro, charque e trigo) produzidos nas estâncias do Estado. Charqueadores e estancieiros reclamavam, ainda, de outros impostos: sobre o sal importado e sobre a propriedade da terra.
A revolução durou quase 10 anos, sem vencedor e vencido. O tratado de paz foi assinado em Ponche Verde, pelo barão Duque de Caxias e o general Davi Canabarro, em 28/02/1845.
Na época, Porto Alegre era um porto comercial, e não tinha razões para aderir à revolta. Seus comerciantes não comungavam com as idéias separatistas dos líderes da região da Campanha, como Bento Gonçalves da Silva e Antônio de Souza Netto, que veio a proclamar a República Riograndense, no ano seguinte. Por isso, rechaçaram os rebeldes, em 15/06/1836. A partir daí, até dezembro de 1840, a capital ficou sitiada, com dificuldades de suprimento de itens essenciais na época: charque, óleo para os lampiões, farinha, feijão e outros gêneros alimentícios. Em função da fidelidade da capital ao império, recebeu o título de "Leal e Valorosa" em 19/10/1841, que permanece no seu brasão até os dias atuais.
Fora da capital, os farroupilhas passaram a ter expressivos êxitos. Na batalha do Seival (que fica no atual município de Candiota), o general Antônio de Souza Netto impôs fragorosa derrota ao legalista João da Silva Tavares, que possuía 170 combatentes a mais. No dia seguinte, em 11/09/1836, Netto proclamou a República Riograndense, com sede em Piratini..
Todavia, os farrapos sofreram outro duro revés perto da capital, que sitiavam, ao serem batidos na Ilha de Fanfa; o exército rebelde de 1.000 homens se dispersou e seu comandante, general Bento Gonçalves da Silva, foi preso e levado para a Fortaleza da Laje, no Rio de Janeiro.
Em 1839, junta-se ao exército farrapo o corsário italiano Guiseppe Garibalde . Os farrapos precisavam, após 4 anos de combates, acesso à Lagoa dos Patos e ao Oceano, que eram bloqueados pelos imperialistas assentados em Porto Alegre e Rio Grande, respectivamente. Para romper o cerco, resolveram sublevar Santa Catarina, onde possuíam simpatizantes. Para tanto, decidiram tomar a estratégica cidade de
Laguna.
Para tanto, Garibaldi mandou construir dois enormes lanchões numa fazenda do atual município de Camaquã (que dista cerca de 125 km de Porto Alegre), que foram arrastados entre o atual município de Palmares do Sul e a foz do Rio Tramandaí (no atual município de Tramandaí) sobre carreta de 8 rodas, por cerca de 200 bois. Em Araranguá, no Estado de Santa Catarina, o lanchão Rio Pardo naufragou; todavia, seguiram em frente com o lanchão Seival, comandados pelo americano John Griggs (apelidado de "João Grande"). Em Laguna, os lancheiros, apoiados pela tropa de Davi Canabarro, obtiveram grande vitória; e anexaram a Província, em 29/07/1839, denominando-a República Juliana.
Em Laguna, Garibaldi encontrou a costureira Ana Maria de Jesus Ribeiro, que veio a se chamar de Anita Garibaldi, que o acompanhou nas andanças da guerra, a cavalo (a casa natal de Anita permanece preservada). Anos mais tarde, Garibaldi voltou para a Itália, para lutar pela sua unificação; por isso, é conhecido como "herói de dois mundos". Os imperiais retomaram Laguna em 15/11/1839.
No Rio Grande do Sul, os farroupilhas mudaram a capital mais duas vezes: para Caçapava do Sul, em 1839; e para Alegrete, em julho de 1842.
Em 14/11/1844, os farroupilhas sofreram duro revés no Cerro dos Porongos, situado entre os atuais municípios de Piratini e Bagé. Nesta batalha, o coronel imperial Francisco Pedro de Abreu, o astuto "Moringue", destroçou os 1,1 combatentes de Davi Canabarro, que foram surpreendidos enquanto dormiam. A culpa principal recaiu sobre "Chica Papagaia" (Maria Francisca Duarte Ferreira), que teria ficado entretendo o general Davi Canabarro dentro de sua barraca.
A tratado de paz celebrado em 1845 veio atender uma série de reivindicações, principalmente em relação a obtenção de tratamento mais justo por parte do governo imperial. O nome dos líderes farroupilhas está afixado em inúmeras ruas de municípios gaúchos. Em Porto Alegre, uma das principais ruas homenageia o pacificador Duque de Caxias
A epopéia da Revolução Farroupilha criou grandes heróis, mitos e símbolos; os ideais e sentimentos inexpremíveis dos revoltosos farroupilhas continuam presentes e expressos nos símbolo do estaro do Rio Grande doSul, constituídos pelo título "República Rio-grandense", e o lema "liberdade, igualdade, humanidade" (dentro de uma nação brasileira).
Veja algumas imagens do desfile comemorativo à Revolução Farroupilha, realizado em 20/09/2001, como ocorre todos os anos:
Esse texto foi composto por Luis Roque Klering, a partir de matérias especiais publicadas no jornal Zero Hora, de 16 a 20/09/2001)
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